A child cries in a cave shelter in Tess village in the
rebel-held territory of the Nuba Mountains in South Kordofan.
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É inequívoca a crescente desumanização da sociedade resultante por
um lado da má condução dos povos e das economias nesse processo empolgante a
que demos o nome de Globalização, e por outro lado pelo modo de vida
vertiginoso que desregula o pulsar natural do ser humano e prejudica o seu
ritmo ingénito – efeito secundário e nocivo da sociedade industrializada.
Os antimaçónicos esgrimem que a
maçonaria, ao posicionar-se contra as “verdades” mundanas e
o dogma teológico convencional, é inimiga das instituições que
são contrárias aos princípios do racionalismo, da dúvida metódica, ou da liberdade
religiosa. Trata-se, claro, de uma falsidade, pois bem sabemos que a Maçonaria
não tem por objectivo confrontar ou destruir religiões, desde logo porque não
se foca nas instituições, depois porque pugna pela liberdade total do indivíduo
na escolha das suas convicções. A Maçonaria defende ideias e tem exactamente
por objecto e objectivo, o indivíduo. Portanto não se coloca na posição de “atacar”,
mas sim na posição de “defender”. Defende a liberdade de cada um adoptar o que
entende melhor para si, a liberdade de construir o seu presente e decidir o seu
futuro, de edificar o seu templo interior e a identidade que almeja.
Assistimos, quotidianamente, a uma profunda e entorpecedora
alienação dos indivíduos em relação a muitos assuntos que deviam preocupar
todos os homens e mulheres deste mundo insano em que alastra a
corrupção, em que se ampliam as assimetrias sociais e económicas e se
aprofundam os fossos entre ricos e pobres, em que a miséria se multiplica
vertiginosamente. Num mundo assim a Maçonaria continua a ser necessária,
como imperioso continua a ser defender os valores que a civilização conquistou
ao longo de 7.000 anos (considerando-a fundada pelos Sumérios cerca de 5000
a.C).
Por outro lado, a Maçonaria
mantém-se como um reduto de quantos acreditam que a existência humana não é apenas
aquilo que se manifesta materialmente e que a condição humana é estática e que a
essa condição nos devemos resignar. Podemos ser melhores, podemos
aperfeiçoar-nos como indivíduos, como cidadãos, como profissionais, como pais e
mães, como amigos, e também na relação com os outros e com o princípio criador.
E nessa caminhada de progresso interior cada um traça o seu caminho para se
aperfeiçoar.
A Maçonaria afirma que é possível, e desejável, construir
uma sociedade em que cada indivíduo possa alcançar a felicidade. Ora, considerando
a quantidade de pessoas que não possuem essa satisfação, nem sequer um qualquer
patamar de realização pessoal, a Maçonaria continua com uma gigantesca e
hercúlea tarefa pela frente.
Contra a modorra da alienação, contra
o logro da mentira e o facilitismo da irresponsabilidade, contra uma sociedade
patologicamente neurótica, repleta de vacuidades e futilidades, vivendo das
aparências; contra tudo isso brandimos a Razão, numa luta pela Justiça, pela
Verdade e pela Fraternidade, que inclua todos os seres humanos.
LIF