2025/06/03

Mulheres no GOL


"Ergam-se colunas de equidade, pois é tempo de dizermos o que muitos sentem mas poucos ousam proclamar.

Sou mulher. Sou Maçom. E não sou menos por sê-lo.

Aos que ainda se refugiam em sistemas que excluem pela letra e não pela Luz, digo: a Tradição sem evolução torna-se um monumento ao medo. E aos que insistem em limitar a iniciação à morfologia e não à essência, recordo que a verdadeira iniciação não reconhece género, apenas vontade, consciência e caminho.

Sim, existem obediências que, por critérios herdados e não questionados, não admitem mulheres. É a sua escolha. Mas é também a sua limitação.

Felizmente, existem outras que, embora chamadas “irregulares” por esses critérios, têm demonstrado maior fidelidade aos princípios fundadores da Maçonaria: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, para todos os seres humanos.

Levanto a pólvora três vezes ao Grande Oriente Lusitano e ao seu Grão-Mestre Fernando Cabecinha, por afirmar, sem hesitação, que a presença da mulher no templo não profana o sagrado - enriquece-o. E por provar, na prática, que a inclusão não é uma concessão moderna, mas uma correção histórica.

Levanto a pólvora aos Irmãos que, apesar de rodeados por mentalidades estreitas, estruturas exclusivistas e discursos paternalistas, reconhecem na mulher uma verdadeira Irmã. Aos que entendem que a Maçonaria não é um clube, é um caminho.

O que fazem os homens Maçons que as mulheres não consigam fazer? Erigir templos? Viver os valores da Ordem? Trabalhar o silêncio interior? Buscar a Luz?"

A resposta é óbvia. A exclusão é política, nunca espiritual!

A Maçonaria construiu civilizações, promoveu liberdade e iluminou o pensamento humano. Como ousamos hoje negar à metade da humanidade esse mesmo direito à transcendência, ao aperfeiçoamento, à Via iniciática?

Aos que ainda olham com desconfiança a mulher Maçom ou Maçona, convido-vos a estudar mais e julgar menos. Aos Irmãos que se dizem defensores da Tradição, recordo: a Tradição viva é a que se adapta e evolui; a que se fossiliza morre.

A todos os que caminham connosco, homens e mulheres, com coragem e lucidez, a minha mais sincera e fraterna saudação.

Aos que ainda resistem, o tempo - esse grande mestre - tratará do resto."

                 Irmã Roberta Doroteia - Grande Loja Simbólica de Portugal


2025/05/31

A Palavra às Irmãs

 

O dia 31 de Maio de 2025 ficará indelevelmente inscrito na História do Grande Oriente Lusitano e, por extensão, na da Maçonaria Portuguesa, como o marco em que se abriram, com nobreza e discernimento, as portas desta Augusta Instituição a uma parte essencial da Humanidade. A partir desta data, o Grande Oriente Lusitano assume-se, com plena consciência e convicção, como uma Obediência promotora da equidade iniciática entre homens e mulheres, materializada numa federação de Lojas maçónicas femininas, masculinas e mistas.

Este avanço civilizacional, que honra os princípios eternos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, deixou para trás resistências caducas, oriundas de alguns sectores aprisionados por preconceitos. Entre esses, contaram-se os que, prisioneiros de visões misóginas ou extremismos reaccionários, viam na inclusão das mulheres uma ameaça aos seus intentos enviesados. Perderam, como inevitavelmente perdem sempre, face à força dos valores democráticos que alicerçam a nossa Ordem.

Ficam igualmente desprovidos de razão os que, sem contributo real para a construção maçónica, vagueiam de colmeia em colmeia, ostentando presunção e vazio, e que agora se verão, em muitos casos, com as portas cerradas, porquanto diversas dessas Obediências, ainda agarradas a tradições eminentemente patriarcais, não acompanharam o necessário aggiornamento que os tempos impõem.

As mulheres, por natureza e experiência, têm revelado uma notável vocação para a Liberdade, para a Justiça e para a Solidariedade. Enquanto mães, educadoras e cidadãs conscientes, compreendem profundamente o preço da guerra e da intolerância, tantas vezes fomentadas por impulsos insensatos. A sua entrada nos Templos será não apenas justa, mas regeneradora.

Acresce que as mulheres representam, em número e em valor, uma força humana e moral insubstituível. A sua integração plena nos trabalhos maçónicos contribuirá decisivamente para a renovação, o fortalecimento e o indispensável rejuvenescimento dos efectivos do Grande Oriente Lusitano.

Assim, em perfeita consonância com os mais elevados princípios da Tradição Iniciática e com os desígnios do Progresso Humano,

Sejam as Irmãs calorosamente bem-vindas.

TBF:.