Igualdade e justiça social
Quando, num sistema de Economia de
Mercado, ouvimos falar em Igualdade imediatamente depreendemos que se trata da
tão famosa igualdade de oportunidades para empreender e ter êxito. Mas bem
sabemos que em nenhuma sociedade existe essa igualdade real de oportunidades,
porque o sistema a não promove minimamente ou porque, promovendo-a,
compromete-a pela acção corrupta de muitos dos agentes do Estado – p. ex. os
políticos.
John Rawls (1921-2002) propôs um
método para construção de uma sociedade efectivamente justa. Vou explicar-vos
como funciona a coisa. Porém, atentemos previamente a estes casos díspares que
ocorrem frequentemente na sociedade tal como está estruturada. O futebolista
Cristiano Ronaldo factura cerca de 33 milhões de euros por ano, entre salário e
ganhos com publicidade - mais de 90 mil euros por dia, quase 4 mil euros por
hora.
Quando, em 2012, se soube que o
ex-ministro Eduardo Catroga poderia vir a receber 600 mil euros por ano pelas
suas funções de presidente do Conselho Geral da EDP, houve indignação; até
porque o ex-ministro tinha participado nas negociações com a troika – e
portanto teve responsabilidades nos cortes salariais de pessoas que recebem uma
ínfima parte daqueles valores. Aos críticos Catroga explicou que, tal como
acontece no futebol, o seu salário era ditado pelo valor de mercado.
Uma notícia proveniente do distante
Camboja faz-nos saber que uma mulher de 48 anos, pressionada pela fome, vendeu
o seu cabelo por cerca de 6 euros, explicando ao jornalista que embora todas as
mulheres gostem de estar lindas, entre a beleza e a fome, não tinha dúvidas
sobre o que escolher. Em conclusão ficamos a saber que o valor de mercado do
cabelo de uma cambojana de 48 anos é de 6 euros.
Perante estes exemplos facilmente
concluímos que a fonte de muitos problemas que actualmente ferem a humanidade
reside neste sistema baseado no mercado.
A solução de John Rawls passa por
reiniciar o sistema social imaginando que não sabemos a posição que ocuparemos
nela – se seremos ricos ou pobres, bonitos ou feios, homens ou mulheres,
jogadores de futebol, ministros ou serventes de limpeza porque, se à partida,
eu não souber que posição ocuparei na sociedade, tentarei garantir que a
repartição dos bens e das riquezas seja equitativa, e essa será a única forma
de garantir a minha satisfação, seja qual for a posição, a ocupação ou a posse material
que me caiba.
Interessante, não acham?
H.
Sem comentários:
Enviar um comentário