O meu conceito de
Liberdade
Entendo que a Liberdade é o desejo
inato do ser humano em se tornar integralmente livre. Por isso a verdadeira
Liberdade não é apenas a liberdade física e política, mas também a liberdade de
pensamento. Só nesse estado o homem pode dar asas a todas as suas
potencialidades.
Porém, sendo algo tão grandioso e
completo, a Liberdade também assume significado diferente perante situações e
culturas diferentes.
Sob o jugo de uma ditadura o conceito
de liberdade poderá ser diferente dependendo de quem a avalia ou deseja: um
oprimido que nunca a experimentou ou um oprimido que a perdeu terão dela a
mesma perspectiva? Por outro lado, será livre aquele que não sofre expressa
coacção física, política ou mental mas que vive na insegurança de uma situação
de desemprego permanente?
Sei que para muitos a Liberdade não
pode ser uma figura de retórica mas um estado no qual o Homem, mesmo
amordaçado, permanece fiel áquilo em que acredita de forma integral, física,
moral, cultural e espiritual. Mas também sei que existem outros que consideram
viver em liberdade mesmo dando a terceiros o poder de decidir tudo em seu
lugar, aceitando, até, viver sob o jugo de pesadas regras e restrições,
preferindo viver nessa “segurança protectora” de um encarceramento relativo.
Daqui decorre a noção de que a liberdade não é mensurável pela austeridade ou
permissividade das regras, mas sim em função dos seus objectivos e da forma
como é sentida pelo indivíduo.
Uma coisa parece certa: para se ser
efectivamente livre é preciso que o Homem queira ser livre e que só em função
desse querer se liberte efectivamente das amarras da servidão, seja física,
política, religiosa, cultural, ou da sua própria consciência.
E chegamos a uma ideia de Liberdade que
trás implicada a ideia de Razão, esse juiz supremo dos nossos actos e ideias. A
ideia de julgar implica, inevitavelmente, a existência de regras e de limites.
E tal asserção conduz-nos agora à perspectiva maçónica: Para nós, maçons, o
conceito de Liberdade envolve a ideia de uma liberdade interior apenas limitada
pelo próprio indivíduo, e em que a limitação não depende de quaisquer
circunstâncias mas somente das qualidades éticas e morais do indivíduo.
A Liberdade maçônica – que não deveria
ser diferente da Liberdade em sentido genérico -, reside portanto no pensamento
pois é através do processo cognitivo que qualquer indivíduo se torna
absolutamente livre.
É pelo pensamento que a Maçonaria
liberta o homem para sua função de edificador da sociedade. Nenhum tirano
consegue censurar o que se passa na mente do indivíduo. Apenas o próprio pode
aprisionar-se ou libertar-se no íntimo dos seus processos mentais; libertar-se
implica trabalhar a pedra bruta; i. e. procurar e alcançar o autoconhecimento.
É esse esforço individual que conduz à
liberdade efectiva do indivíduo. Eis a mecânica libertadora que a Maçonaria
realiza, contribuindo com a metodologia, o local e as ferramentas; e o obreiro
com a sua alma, o coração, a mente, e o seu querer.
E, finalmente, para além de tudo o que
já falei atrás, qual é então o meu conceito de Liberdade?
Sou livre? Sinto-me livre? Sim e não!
Sim, no que concerne à consciência que
tenho acerca do exercício do meu livre arbítrio; não, pois entendo que a
Liberdade também implica Independência e esta não a consigo alcançar nesta
sociedade em que tudo tem um elevado valor monetário e em que eu estou limitado
no que toca a esse, erradamente híper exaltado, recurso financeiro.
Livre, mas não convencido, disse!
H.
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